Eis que trago o que sabe o não manifesto

Importa deixar a mente vaga. Somente isto importa. Não há nenhum mistério a ser decifrado, nenhum conhecimento a ser adquirido. O mistério só é mistério, porque a mente não está vaga.

É preciso não confundir a consciência que observa com o observador, que é você observando o conteúdo da mente. Às vezes, eu não me torno claro a esse respeito. É natural, se estou me exprimindo através de palavras. Há uma maravilhosa constatação de que não somos o que pensamos ser e a “presença” vem tão logo lhe é dada passagem, além da obliteração da mente.

A grande sacada é ver a vida estranha que é a vida comum, reativa, surreal. Agradeço por ter percebido, vivo, que tudo se resume em silêncio. Com este pano de fundo, toda experiência é maravilhosa. O amor se torna a mais incrível bênção.

Ora, se você descobre que nada mais é do que o passado, o conteúdo que lhe foi imposto, o presente, o aqui e agora é, sempre, puro insight, puro pensar.

Nada a isso se iguala: Entrar fundo em si mesmo, sem fronteiras, sem medo ou desejo, e não se encontrar o deus dos homens. Encontrar-se o Divino.

Eu ainda quero o que foi colocado em mim? Se eu não quero, não há em quem colocar. Não há em quem colocar! Se eu não observo, não há o que observar. Só a observação, não tem autoridade observando. Quando foi colocado, eu aceitei por não ter opção outra, havia um nome, uma identidade onde ser colocado. Havia um recipiente que foi preenchido.

É preciso dissolvê-lo e deixar a expansão do aqui e agora inundar tudo. Existe o costume de dar-se um novo nome àquele que, supõe-se, inicia-se no caminho da iluminação, ou está iluminado, seja isso o que for. Você deixa sua identidade e nome,dissolve a forma enquanto concretude e voltam a lhe dar um nome? Acho redundante, cheira a conteúdo. Mas, vocês sabem, são só palavras,como insisto sempre. Eu fiquei com VARGA, pura armadilha, porque enquanto ela me mostra, a sei um truque da ilusão.

Se um Ano Novo há, a única coisa a ser festejada é o silêncio reconhecido, o silêncio de que você é feito, o silêncio que é a natureza de Deus, o mistério que você supõe “misterioso”, o milagre da existência que lhe está sendo mostrado a cada aqui e agora e só a  obliteração da mente não lhe deixa perceber…     De repente,  percebe-se que não existe mais um ponto final.

LIN DE VARGA*

* VARGA, segundo o “Aurélio”: 1- Várzea alagadiça; 2 -Armadilha de pesca, espécie de rede.

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