EIS QUE TRAGO O QUE SABE O NÃO MANIFESTO

PÔ, QUE EGO!

Sento-me em frente ao notebook, supostamente pronto para escrever, e me vem a sensação: Vale a pena? Não, não é isso. Quem sabe se vale a pena ou não é o ego. O ego é ficção. Não há sentido em escrever: São palavras, articulação, invenção, vem de um “Eu dado”; talvez não seja correto fazê-lo;isto  é,escrever tendo essa intuição.

Mas posso, todavia, despertar a flor para sua própria beleza, ou seja, conscientizá-la só por apreciá-la. E não são necessárias palavras.

A psicose é o estertor da ficção do ego. O ego é dado. O ego não pode olhar o ego. Quem o olhará? O ego se engana ao “pensar” que se pode satisfazer, sendo ele desde o início uma ficção.

A única realização do homem  – de repente viajada e destruída a ferida da contradição fundamental do ego, por absoluta impossibilidade de SER -, é perceber que, simplesmente, impregnou-se do corpo carne, por um instante, para retornar à Consciência sem interrupção.

A estupefação do aluno, embora ele não a saiba , está em acreditar tão irremediavelmente naquele que lhe ensina  – e tem em si a mesma estupefação. Só se aprende além do ensinamento.

Há uma absoluta impossibilidade de existir coincidência no Universo. É impossível um Universo sem ordem:  Não há brecha possível.

Um dos maiores insights do homem, ou talvez o maior deles, por sua grandeza de resolução, é o de que a mente do homem está contra o homem, considerando-se que, logo de início, ela, a mente, foi formatada pelo outro.

“Sê como um velho incensório em um santuário abandonado de uma aldeia”. Palavras de Sekizo, citadas por Suzuki.

O abandono do próprio santuário (pode-se supor as cinzas deixadas, que o vento levará),o desapego final depois do cansaço de rogar. O ego, em suma, dissolvido.

Uma folha ao vento… Minha percepção vê as veias da folha ao vento.

A mente cheia de conteúdos, nem vê as nuvens. A mente totalmente limpa percebe a beleza das nuvens, entre outras belezas. O silêncio que somos, antes de uma mente tranqüila, sinaliza que somos as nuvens.

LIN DE VARGA

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