Depois de tantos mestres

Uma dedicatória feita a alguém, encontrada em um livro de Thomas Mann, na biblioteca de São Lourenço, dedicatória esta que, no mínimo, foi esquecida. Diz o seguinte: “ Como nunca, procurei um livro que falasse aquilo que penso, que venho sentindo. Percebi, com aflição, que tal livro cabe a mim escrevê-lo – com ou sem talento. Assim, escolhi Thomas Mann, que já o fez de modo fantástico. Pour toi,Franklin, com o que pode haver de carinho. ( Fulana de tal, 87).

” Com o que pode haver de carinho”. Poucas vezes as palavras conseguem, como aqui, abranger o sentimento tão completamente. Isso porque o coloca em uma dimensão intangível do que é possível sentir, sem limites.”O que pode”, tudo pode. Há uma conotação de imponderável, este mesmo que nos abraça a cada instante e que existe na própria incerteza (para nós) do Universo dentro do qual somos.

È preciso estar-se atento: Há uma vida além dos pensamentos e que está ao nível da natureza( das árvores, das plantas dos rios, por exemplo). No entanto, existe outra: “É” depois de toda coisa material, de toda forma. Muitos dos que se intitulam mestres,talvez não tenham noção dessa dimensão única e real.

De repente, num estalar de dedos, dou-me conta de que tudo está fora; toda a programação de uma vida nada mais é do que um filme que passa. Agora sei, depois de tantos mestres; e agora, estando em casa, estou também muito próximo da Eternidade.

Um dia, o discípulo apareceu para o encontro com o Mestre escondendo uma foice sob as vestes . O Mestre, atento, percebeu que ele trazia a ferramenta.

-Para que a foice? – Perguntou.
-Para cortar sua cabeça. – Respondeu o discípulo.
-Você perdeu a oportunidade de fazer isso – retrucou o Mestre -, quando teve a intenção de fazê-lo.

Leia a seguir um texto do OSHO:

“Sente-se e olhe para os olhos um do outro (melhor piscar menos quanto possível, um olhar suave). Olhe cada vez mais profundamente, sem pensar.

Se você não pensar, se você apenas olha fixo nos olhos, logo as ondas irão desaparecer e o oceano será revelado.

Se você puder olhar fundo nos olhos, você sentirá que o homem desapareceu, a pessoa desapareceu. Algum fenômeno oceânico está escondido por trás e essa pessoa era somente uma onda de uma profundeza, uma onda de alguma coisa desconhecida, oculta.

Faça isso primeiro com um ser humano porque você está mais perto desse tipo de onda. Depois mova-se para os animais – um pouco mais distante. Agora mova-se para as árvores – ondas ainda mais distantes; então mova-se para as rochas.

Logo você se tornará cônscio de um oceano ao redor. Depois você verá que você também é somente uma onda; seu ego é somente uma onda. Por trás desse ego, o anônimo, o uno, está oculto.

Somente ondas nascem, o oceano permanece o mesmo. Os muitos nascem, o uno permanece o mesmo.

Osho, em “Vedanta: Seven Steps to Samadhi”
Via Osho.com
Imagem por onigiri-kun
Publicado no blog palavras de Osho
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Este texto me foi enviado por ”Palavras do Osho”. Arrisco-me a dizer que se ele, OSHO, nada mais tivesse dito, tudo teria dito nestas palavras. O ego é,com efeito, uma onda e a atenção pura, simples, direta, venho dizendo, é o caminho perfeito para fazê-lo desaparecer no oceano que somos, no espaço que não se mede e que é nossa verdadeira natureza

LIN DE VARGA*

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